ADPUC presente: protesto reuniu vozes plurais em defesa dos direitos sociais e do povo brasileiro
- eloarakarla
- 12 de jul.
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Atualizado: 15 de jul.

Na última quinta-feira, 10 de julho, a ADPUC Minas esteve presente na manifestação realizada na Praça Sete, em Belo Horizonte. Convocado por movimentos sociais, entidades sindicais e coletivos populares, o ato reuniu centenas de pessoas em protesto contra o fim da escala 6x1 e a taxação dos super-ricos. Também foram pautas a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, o rompimento das relações do Brasil com Israel e em defesa da educação pública.
A ADPUC acompanhou o ato e conversou com manifestantes, ouvindo reflexões e denúncias que expressam o sentimento de urgência e mobilização social que cresce no país. Confira:
“O Congresso vota contra o povo”
O diretor de teatro e dramaturgo, Munish Prem, que já participou do videocast da ADPUC, “Gesto Crítico”, da ADPUC, criticou a recente movimentação internacional do deputado federal Eduardo Bolsonaro:

“Eduardo Bolsonaro está fazendo campanha para que Trump taxe o Brasil. A troco de quê? Da promessa de não prender Bolsonaro? É inadmissível.”
Ele também destacou a importância da mobilização como contraponto à extrema direita:
“A extrema direita dominava as redes e os discursos. Mas, com essa nova campanha que colocamos nas ruas, conseguimos duas grandes conquistas: saímos na frente no discurso e também na disputa cultural. A votação contra a taxação dos bilionários e do IOF escancarou o projeto da extrema direita — um projeto contra os trabalhadores e contra o povo. Eles estão no Congresso votando emendas que beneficiam os bilionários e prejudicam quem vive do trabalho. Nosso papel é escancarar isso. Os vídeos por IA (Inteligência Artificial) têm mostrado isso à população. Em um primeiro momento foi lançada a #hastag "Congresso Inimigo do Povo", de uma maneira mais generalista, mas agora é dizer quem são os partidos responsáveis.”
“Campanha de Eduardo Bolsonaro é inadmissível”

Defesa da participação cidadã: “Nossa voz precisa chegar aos representantes”
A professora aposentada da UFMG e infectologista Marise Fonseca ressaltou o papel da cidadania ativa e da responsabilidade dos profissionais da educação no enfrentamento ao desmonte de direitos:
“É fundamental a participação popular para mostrar a esse Congresso o que é direito da população. Temas como jornada de trabalho, taxação das grandes fortunas e justiça fiscal precisam estar na pauta pública. Eu, como professora, tenho uma enorme responsabilidade nesse processo — não só como cidadã, mas como alguém que atua na formação de pessoas. É muito importante estar junto, defendendo o que é nosso por direito.”
Arte-educação e abandono da Escola Integrada

Também presente no ato, o MC, coreógrafo e arte-educador Andreson “Magu” denunciou o desmonte da Escola Integrada em Belo Horizonte — programa municipal que articula atividades de contraturno com instituições da sociedade civil:
“Sou MC, coreógrafo e dançarino desde 1999, além de educador da Escola Integrada. Vivemos um momento triste na cidade, com o abandono dessa política pública. O arte-educador precisa ser reconhecido como professor. Trabalhamos em dois turnos, mas só recebemos por um. A arte é uma base de formação intelectual e crítica. Quando a arte não está presente na educação, criamos adultos frustrados, sem autonomia, sem liberdade de expressão. Toda forma de arte é válida e necessária nas escolas.”

Palestina, periferia e o petróleo brasileiro
O Comitê Mineiro de Solidariedade ao Povo Palestino, que já esteve na sede da ADPUC em atividades culturais e debates sobre a Palestina, também esteve presente ao ato. Uma das representantes, Edelvais, explicou a interligação entre a luta internacional e os problemas sociais no Brasil:
“Estamos aqui na Praça Sete protestando contra a

jornada 6x1 e pelo rompimento do governo brasileiro com a entidade sionista de Israel, de todas as relações que se tenha.
As armas que matam o povo palestino são as mesmas que chegam aqui e matam o povo pobre das periferias, os indígenas e os camponeses. Parar de exportar petróleo a Israel é impedir que nossos recursos abasteçam tanques que matam crianças e destroem escolas, mesquitas e hospitais".
"Montamos nossa barraca Palestina aqui (Praça Sete) uma vez por semana, dialogamos com a população e colhemos assinaturas pelo rompimento diplomático. Temos recebido grande apoio dos belo-horizontinos.”
Ensino Superior em alerta

A pauta da educação superior também esteve representada. O presidente da Associação dos Professores Universitários de Belo Horizonte e Montes Claros (APUBH), Helder de Figueiredo Paula, reforçou as dificuldades enfrentadas pelas instituições públicas:
“Vivemos um subfinanciamento crônico que ameaça o funcionamento das universidades. Os reitores têm sido obrigados a buscar emendas e recursos batendo de porta em porta nos gabinetes de deputados. Essa dependência política compromete a autonomia universitária e é reflexo do descaso orçamentário com a educação pública.”
A luta segue
A ADPUC Minas reforça seu compromisso com a democracia, a justiça social e a valorização da educação. Atos como este evidenciam o quanto os docentes e demais setores da sociedade estão atentos, mobilizados e dispostos a defender os direitos fundamentais da população brasileira.
Fotos: Adrian Herrera/Karla Scarmigliat
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