"Não há futuro sem universidade": debate critica asfixia e ataque à autonomia universitária
- eloarakarla
- 9 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de out.
Evento da ADPUC enfatizou a contribuição das universidades para o fortalecimento da democracia e para a construção de uma sociedade crítica e soberana

A defesa da democracia e o papel das universidades na construção de um país soberano marcaram o tom do evento “Universidade e Democracia: 40 anos de redemocratização do Brasil”, promovido pela Associação dos Docentes da PUC Minas (ADPUC). O encontro realizado nessa quarta-feira, 8 de outubro, marcou as celebrações dos 40 anos da ADPUC.
A reitora da UFMG, Professora Doutora Sandra Goulart Almeida, abriu o debate destacando a importância de pensamento crítico, Ela lembrou que a universidade brasileira é uma construção recente, quando comparada a outros contextos internacionais, atraso que evidencia uma das marcas colonialismo.
Confira a fala da reitora na íntegra:

Ao relacionar o papel da universidade com o sonho dos inconfidentes mineiros, Sandra destacou que a educação e a liberdade sempre foram pilares do projeto de nação.
“A universidade materializa, ainda que tardiamente, o sonho dos inconfidentes e o compromisso republicano com o país. Não é à toa que muitas universidades celebram seus aniversários em 7 de setembro, data da Independência do Brasil, como é o caso da UFMG”, observou.
Para a reitora, a universidade é um elemento essencial de justiça social, desenvolvimento econômico e promoção do pensamento crítico.
“Não há futuro sem uma universidade consolidada. Nenhuma nação será soberana e próspera se não tiver suas universidades fortalecidas como bem público, e não como mercadoria”, afirmou.
Ela também fez críticas ao contexto político recente, marcado pelo negacionismo, pelo desprezo à ciência e pelos ataques à democracia e à autonomia universitária. “Ainda enfrentamos tentativas de deslegitimar nossas instituições e cortes orçamentários que atingiram de forma implacável áreas estratégicas como educação, ciência e tecnologia”, lamentou.
De acordo com a reitora, os ataques às universidades, como temos visto recentemente, inclusive na Universidade Federal de Pernambuco, são também ataques à democracia e à liberdade de cátedra, pois são nelas que se produz pensamento crítico, causando incômodo.
Normalização da crise

O cientista político Luis Felipe Miguel, Professor Doutor da UnB, refletiu sobre a “normalização da crise” que atravessa tanto a democracia quanto as universidades.
“A palavra ‘crise’ foi domesticada perdeu força. Passou até a ser vista como oportunidade para o progresso, como se nos obrigasse a seguir em frente”, disse.
Para ele, a universidade precisa da democracia para florescer, e a democracia precisa da universidade para se sustentar.
“Quando bem feita, a ciência tem o dom de incomodar e de desestabilizar certezas. Por isso, a autonomia universitária não é uma bandeira arbitrária, mas uma consequência lógica da própria missão da universidade. Ela deve resistir às pressões do poder político, do mercado, da religião e da opinião pública”, destacou.
Confira a fala do cientista político Luis Felipe Miguel na íntegra:
É necessário conceituar

A Professora Doutora Léa Souki, ex-pró-reitora da PUC Minas, lembrou o contexto de surgimento da associação e fez um paralelo entre os desafios de ontem e de hoje.
“A ADPUC nasceu em meio a uma crise. Estávamos com salários congelados, enfrentando o Plano Cruzado, e ainda assim conseguimos resistir. Eu louvo a ADPUC por esses 40 anos, ela sobreviveu porque pertence a todos nós”, afirmou.
Léa também fez um alerta sobre o esvaziamento do conceito de democracia.
“Precisamos conceituar a palavra. Quando ela perde seu conteúdo, passa a servir a qualquer um, até aos que atacam os próprios princípios democráticos”, disse.
Confira a fala da Professora Doutora Léa Souki na íntegra:
O evento foi realizado no auditório São João Paulo II, prédio 30 da PUC Minas e contou com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC Minas.
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